Linha do tempo da Epidemiologia

  • 6 BCE

    A origem do termo "epidemiologia"

    O termo epidemiologia tem origem no grego: epi (sobre), demos (povo), logos (conhecimento), e sido utilizada inclusivamente por Hipócrates na Grécia para descrever as doenças que relacionou com fatores pessoais e do meio ambiente
  • Period: 6 BCE to

    ‘Pré-história’ da epidemiologia

  • Period: Jan 1, 1301 to

    Estagnação dos conhecimento epidemiológicos

    Entre os séculos XIV a XVII, a inexistência de um método sistemático capaz de testar possíveis associações entre uma determinada exposição e uma doença é a principal explicação para a estagnação do conhecimento dos determinantes de doenças e, consequentemente, da ausência de desenvolvimento de estratégias efetivas de prevenção e/ou tratamento das mesmas. Predominou o paradigma miasmático.
  • Period: to

    Revolução Científica

    A revolução científicas originou mudanças profundas de mentalidade que transformaram o mundo, em diversos aspetos. Com isso surgiram as bases para o pensamento epidemiológico moderno. Os cientistas acreditavam que o comportamento do universo físico era ordenado e expresso em leis que se baseavam em observações. Acreditavam que esta linha de pensamento se estendia ao universo biológico e que deveriam existir igualmente leis que descrevessem os padrões de doença e morte.
  • Natural and Political Observations,

    O comerciante de roupas e membro fundador da sociedade real de Londres, John Graunt (1620-1674) resumiu o padrão de mortalidade nessa cidade, no século XVII. No seu livro Natural and Political Observations, relatou mortes por causas aparentes, usadas para providenciar um sistema de monitorização para pragas e pestes, tornando-se no primeiro epidemiologista a realizar estatísticas demográficas. Este método de reportar as mortes não difere muito do sistema utilizado atualmente em diversos países.
  • Sydenham

    Ainda no século XVII, Thomas Sydenham (1624-1689) classificou as febres que assolavam Londres, identificando a febre contínua, a intermitente e a varíola. O tratamento da época, em muito inspirado na medicina hipocrática, baseava-se na utilização do calor e do descanso. Sydenham descreveu e distinguiu diferentes doenças,
    incluindo algumas de natureza psicológica, e propôs alguns tratamentos rejeitados por outros médicos na época, nomeadamente o exercício e a dieta saudável
  • Treatise on scurvy

    James Lind (1716-1794), um cirurgião naval escocês, observou o efeito do tempo, do local, do clima e da dieta na propagação das doenças. Conduziu um estudo no tratamento do escorbuto. Lind identificou os sintomas e um dado importante: a doença ser comum em marinheiros durante as suas longas viagens e que estava relacionado a dieta. Ele desenhou e desenvolveu o primeiro ensaio clínico controlado com grupo de controle, concluindo que aqueles que tinham consumido citrinos, haviam sido curados.
  • Ignaz Semmelweis

    Descartou a teoria miasmática e outras teorias. Considerou a possibilidade do contágio ter origem em tecidos contaminados do pacientes ou mãos e instrumentos contaminados, usados pelos profissionais. Verificou e comprovou veracidade da sua teoria através de observações clínicas, estudos retrospetivos e análise de dados e experimentação clínica. Introduziu a prática da lavagem das mãos com cal clorada e comprovou sua teoria em estabelecer um método eficaz de prevenção da doença
  • William Farr

    Criou o conceito precursor da estatística. Defendeu que algumas doenças, principalmente as crónicas, teriam uma etiologia multifatorial. Criou os cálculos que combinavam, no numerador, o registo de dados de nascimentos, casamentos e mortes, e, no denominador, os dados dos censos sobre o tamanho da população – criando os indicadores de saúde. Inventou da taxa de mortalidade padronizada, que compara grupos com características diferentes relativamente à idade ou a outras variáveis.
  • Edwin Chadwick

    Foi considerado um fundador da saúde pública. Como adepto do utilitarismo social e impulsionador da lei dos pobres, advogou o conceito e a prática da saúde pública, sendo uma referência importante na legislação humanitária, documentando as condições miseráveis da classe trabalhadora da época. Definiu as bases para o desenvolvimento das reformas sanitárias e teve um papel importante na promoção da saúde das populações
  • Period: to

    Era da epidemiologia das doenças infecciosas

  • John Snow

    Se notabiliza através da investigação analítica dos surtos de cólera como rejeição à teoria miasmática. Reconhecido como o pai da epidemiologia moderna, desconsiderou a hipótese de a propagação ocorrer por miasmas ou contacto pessoa a pessoa, justificando as suas convicções pela inexistência de sintomas pulmonares, mas sim gastrointestinais. Examinou as águas como meio de transmissão, abrindo caminho à identificação do seu agente causador, o Vibrião cholerae, por Robert Koch, em 1883.
  • A dama da lamparina

    Florence Nightingale recebeu essa alcunha pelo facto de se servir deste instrumento para auxiliar na iluminação dos doentes durante a noite. Se destacou-se nos métodos inovadores de tratamento de feridos de guerra. Desenvolveu um estudo sobre o estado de saúde do exército inglês, criando um plano de reforma. Dedicou-se à enfermagem e a análise de dados que levaram à conclusão de que as taxas de mortalidade das doenças decresciam com a melhorias no saneamento e na gestão hospitalar.
  • Louis Pasteur

    Iniciando os seus trabalhos com o estudo da
    fermentação, rapidamente concluiu que os responsáveis por este processo eram microrganismos e que o calor era um agente capaz de provocar a sua morte, desenvolvendo um processo que ficou chamado de pasteurização. Foi ainda pioneiro na ideia da criação de formas atenuadas de microrganismos para promover a vacinação, tendo desenvolvido vacinas contra o antraz em ovelhas, contra a cólera em galinhas e contra a raiva em coelhos.
  • Robert Koch

    Isolou e identificou o bacilo do antraz e a comprovou a existência
    dos microrganismos causais da doença, além da transmissibilidade e reprodutibilidade em experiências, acabando também por descobrir a existência de esporos. Descobriu a bactéria da cólera, confirmando a teoria de Snow, a da tuberculose e da conjuntivite, contribuindo para o desenvolvimento da era microbiológica e o reconhecimento dos microrganismos como causadores específicos e necessários de algumas doenças
  • Caixas Pretas

    O modelo das “caixas pretas”, vigente na segunda metade do século XX, serve na medida que permite a adoção de medidas preventivas mesmo perante a ausência do entendimento dos mecanismos e da plausibilidade biológica. Na transição epidemiológica, reformulou-se o conceito de causalidade específica compreendendo os problemas da Saúde Pública em fatores de risco e orientados no sentido de perceber os motivos pelos quais, numa mesma população, o risco de doença é variável individualmente.
  • Framingham Heart Study,

    Um estudo longitudinal, iniciado em 1948, sobre fatores de risco para as doenças cardiovasculares, designadamente a dieta, o exercício físico, o efeito de certos medicamentos, entre outros fatores. Quantificando o valor do risco associado a um determinado fator e dando origem a milhares de artigos científicos
  • Richard Doll e Bradford Hill

    Desenvolveram um estudo caso-controlo, comparando um grupo de indivíduos com cancro de pulmão a um grupo sem esta doença e concluíram que a diferença substancial correspondia à presença ou
    não dos hábitos tabágicos.
  • Period: to

    Ecoepidemiologia

    Chamada de "caixas chinesas", numa alusão aos conjuntos de caixas onde cada uma se encaixa dentro de uma caixa maior e assim sucessivamente, a ecoepidemiologia não corresponde à criação de mais estudos de natureza ecológica, mas centra a discussão na análise da explicação das doenças ao nível das sociedades e não nos indivíduos. Esta abordagem traz maior complexidade aos estudos epidemiológicos por ter sido misturada a um grande número de técnicas biológicas e biomédicas novas.