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As primeiras evidências de trepanação são datadas desta época da pré-história. Este termo, por sua vez, era visto, inicialmente, como um ritual de cura para dores e problemas advindos da cabeça. Baseava-se na abertura em um osso do crânio, no local em que tais queixas estivessem relacionadas.
Dessa forma, por meio de tais evidências, pôde-se inferir que a importância dada ao encéfalo para a manutenção da vida já ocorria desde antes de Cristo. -
Nesta época na Grécia Antiga, Hipócrates (considerado uma das figuras mais importantes da medicina) realizou o primeiro relato escrito acerca da Trepanação e de déficits em indivíduos com traumas na cabeça.
Além deste acontecimento, também ocorria um profundo debate entre cardiocentristas e encefalocentristas, protagonizado por célebres filósofos, entre eles: Demócrates, Platão e Aristóteles. -
No Império Romano, Cláudio Galeno formulava e, posteriormente, propagava, sua teoria ventricular. Foi um renomado médico investigativo e filósofo romano, já que suas pesquisas influenciaram a ciência médica ocidental por mais de um milênio. A respeito de sua teoria, esta afirmava que os ventrículos cerebrais eram a sede da mente, estando associados às sensações (ventrículo 1), à razão e ao pensamento (ventrículo 2) e à memória (ventrículo 3).
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Nesta época, o Renascimento aflorava, sendo definido como um movimento cultural e científico que deu início à Idade Moderna.
Em relação aos avanços científicos, Leonardo da Vinci (1452-1519) e Andreas Versalius (1514-1564) aprofundaram os conhecimentos acerca dos ventrículos, realizando uma descrição mais detalhada destes. Por conta disso, passaram a divergir de certos aspectos da teoria de Galeno, além de terem desenvolvido o estudo da Anatomia em seres humanos, com ênfase para da Vinci. -
Na Pós-Renascença, a Teoria dos Fluidos continuava ganhando cada vez mais destaque. Baseada na sugestão de que o cérebro bombeava os fluidos dos ventrículos em direção ao corpo através dos nervos, esta teoria influenciou diversos estudiosos. Dentre eles, o filósofo René Descartes (1596-1650), que defendeu a ideia de que a comunicação entre corpo e alma aconteceria na glândula pineal, que por sua vez, era vista como a sede do espírito no corpo e por meio dela eram controlados os comportamentos.
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Ainda durante a Pós-Renascença, Thomas Willis (1621-1675), com base em seus estudos de neuroanatomia comparativa entre espécies e teorias preexistentes (como por exemplo, a teoria dos fluidos), proporcionou transformações importantes no entendimento da divisão funcional do encéfalo.
Melhor explicando, designou ao corpo estriado a função de "ponto de encontro" entre os espíritos sensoriais e motores, além de ter atribuído ao cérebro funções voltadas para o controle da vontade e da memória. -
Durante o século XVIII, ocorreu uma diminuição gradativa da influência da teoria ventricular, assim como uma valorização ao tecido encefálico de uma forma geral. Sob esse prisma, diversos autores contribuíram para o mapeamento detalhado do Sistema Nervoso Central e Periférico e para a descoberta das substâncias cinzenta e branca, além de descrições anatômicas dos giros e sulcos cerebrais.
Por fim, em 1791, Luigi Galvani (1737-1798) descobriu que os nervos possuíam condutância elétrica. -
No final do século XVIII e início do XIX, aproximadamente entre 1798 e 1819, o médico austríaco Franz Joseph Gall (1758-1828) formulou a teoria da Organologia, que posteriormente viria a ser uma doutrina pseudocientífica denominada de Frenologia.
Esta baseva-se na sugestão de que existiriam 27 áreas cerebrais dedicadas a funções específicas.
Apesar das ideais de Gall terem chamado a atenção de certos médicos e cientistas da época, sua proposta não foi bem aceita nas instituições acadêmicas. -
No início do século XIX, mais especificamente, nos anos de 1810 e 1821, Charles Bell (1744-1842) e François Magendie (1783-1855) elaboraram estudos que permitiram a identificação anatômica e funcional das raízes dorsais (sensoriais) e ventrais (motoras) dos nervos periféricos. Mais do que isso, chegou-se à conclusão de que esta primeira era responsável pela comunicação aferente, enquanto esta segunda, pela comunicação eferente.
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Em 1861, Paul Broca (1824-1880), publicou um artigo no Boletim da Sociedade Anatômica sobre de um caso clínico de um paciente que apresentava déficits na capacidade de fala espontânea. Por meio deste caso, foi capaz de identificar uma área cerebral associada à linguagem expressiva (fluência da fala), localizada no lobo frontal posterior esquerdo e que, posteriormente, ficou conhecida como área de Broca.
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Em 1874, Carl Wernicke (1848-1905) apresentou uma teoria complementar à de Broca acerca da afasia, que sugeria que inúmeros centros interconectados eram necessários para sustentar a linguagem em sua dimensões semântica, falada e escrita. Mais do que isso, identificou um conjunto de áreas cerebrais associadas à linguagem compreensiva, localizadas no lobo temporal superior esquerdo, que posteriormente, passou a ser chamada de Área de Wernicke.
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O século XIX trouxe consigo avanços tecnológicos que permitiram, por exemplo, melhorias importantes nos microscópios, facilitando amplamente o estudo dos tecidos orgânicos.
Sob esse viés, o histologista Camillo Golgi (1843-1926) desenvolveu uma técnica de coloração histológica que possibilitou observar a estrutura dos neurônios, e posteriormente, em 1885, propôs a teoria da formação reticular do tecido neural. -
Considerado como pai da neurociência moderna, Santiago Ramón y Cajal (1852-1934) aprimorou os métodos de coloração de Golgi mas, diferentemente de seu antecessor, defendia que os neurônios eram desconectados entre si e os propôs como unidades fundamentais do Sistema Nervoso.
Mais do que isso, por volta de 1894, formulou a Doutrina Neuronal, que afirmava que o neurônio seria uma célula nervosa individual que receberia estimulações e conduziria impulsos elétricos. -
Durante o século XX, ocorreu o desenvolvimento de diversos testes para avaliação da inteligência e de funções cognitivas diversas, além do desenvolvimento de técnicas de neuroimagem, nas décadas de 80 e 90.
Mais do que isso, foi marcado pelo surgimento e propagação da Psicologia Cognitiva em meados de 1950, vertente esta que enfatizava a importância das cognições, visto que seriam reguladoras do comportamento humano. -
Donald Hebb (1904-1985) foi um psicólogo canadense que fez parte da história da neuropsicologia, visto que esboçou os mecanismos neurais da plasticidade e da aprendizagem, em meados de 1949.
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Wilder Peinfield (1891-1976) foi um neurocirurgião canadense que desenvolveu um mapa topográfico cerebral acerca das funções motoras e somatossensoriais. Assim, buscou estruturar as bases científicas da mente humana.
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Brenda Milner (1918-) é uma neuropsicóloga canadense que contribuiu amplamente com suas pesquisas para a área da neuropsicologia clínica. Dentre suas principais contribuições, forneceu evidências dos múltiplos sistemas cerebrais da memória, além de ter indicado a importância do hipocampo para a consolidação de novas memórias.
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Em 1976, Alexander Romanovic Luria (1902-1977) destacou o papel da cultura no desenvolvimento cerebral e cognitivo, além de ter sugerido a existência de três sistemas funcionais que coordenam a cognição e o comportamento humano.
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Levando como base toda a bagagem de conhecimentos adquiridos ao longo dos séculos passados, os estudiosos contemporâneos foram capazes de aprimorar certos aspectos, como observa-se na expansão dos testes computadorizados para novos ramos da cognição.
Mais do que isso, ocorre a compreensão do funcionamento cognitivo por meio de redes neurais complexas e integradas, além do desenvolvimento gradativo de estudos sobre tópicos complexos e desafiantes, como por exemplo, os relacionados às emoções.