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Os Twa são a primeira tribo a chegar a Ruanda.
Povo pigmeu, representam cerca de 1% da população. -
▪ Os Hutus (povo Abahatu) surgiram da expansão bantu e situaram-se no território entre a Ruanda e Burundi. Formam a maioria: cerca de 84% da população. Trabalham a terra e são vistos como as "massas".
▪ Os Tutis (povo Cashita) chegaram ainda mais tarde, da Etiópia, e representam 15% da totalidade. São criadores de gado e possuem o título de "elites". Apesar de serem uma minoria, possuem maior poder económico e político. -
A publicação do "Diário da descoberta das nascentes do Nilo" por John H. Speake oficializa a Teoria Hamítica, que distingue, nomeadamente, os hutus e os tutis.
Os hutus, mais encorpados e baixos, são rebaixados, enquanto que os tutis, mais altos, esbeltos e tom de pele mais claro, ganham maior poder, já que se "aproximam dos europeus". -
Na Conferência de Berlim, na qual os europeus dividiram o continente africano, Ruanda-Urundi fica a cargo dos Alemães.
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Com o fim da Grande Guerra, Alemanha perde a posse sobre a colónia, que fica a encargo dos belgas.
Estes fomentam a divisão social, baseada em questões étnicas, utilizando técnicas eugenistas, incluindo medições faciais, cranianas e do tom de pele. Obrigam, igualmente, a identificação da "raça" no cartão de identificação. -
Finda a II guerra e com o surgimento da ONU, Ruanda-Urundi torna-se um território sob custódia da ONU, mas tendo a Bélgica como autoridade administrativa.
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O rei Mutara Rudahigwa insiste na independência da Ruanda.
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O catequista Gregoire Kayibanda publica o "Manifesto Hutu", exige que a autoridade política fosse passada para a maioria hutu, após a retirada belga.
Surgem, na época, novos partidos: AprosoMa, RADER, Parmehetu... -
Perante o novo cenário político:
- O rei é deposto;
- Um massacre tutsis decorre pela mão do coronel belga Logiest;
- Dominique Mbonyumutwa (subchefe hutu) é atacado por tutsis.
- Início da Revolução de Ruanda. -
Decorrem eleições e o vencedor é o partido Parmehetu. Kayibanda torna-se primeiro-ministro do Governo Provisório. Os hutus estão no poder.
A ONU organiza um referendo, abolindo totalmente a monarquia. -
Ruanda-Urundi divide-se em dois países independentes: Ruanda e Burundi.
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O major-general Habyarimana (partido MNRD) derruba o governo de Kayibanda através de um golpe de estado, mas a supremacia hutu continua.
Cresce a importância das milícias (pagas pelo governo) Interahamwe e Impuzamugambi, que perseguem os tutis. -
Sobretudo tutsis refugiados, mobilizam-se e criam a FPR, liderado por Kagame.
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O presidente Habyarimana publica os "10 Mandamentos dos Hutus", que apelam ao extermínio dos tutsis.
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Inicia-se uma guerra civil entre a FRP, contra as forças do governo de Habyarimana e o seu partido (MNRD).
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A força da paz da ONU, UNAMIR, é criada e soldados de 23 países são destacados.
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É assinado o cessar-fogo e, pouco depois, os Acordos de Paz de Arusha, que distribui o poder entre o MNRD e o RPF.
No entanto, não são respeitados. -
O avião onde o presidente Habyarimana viajava foi derrubado.
Os hutus apontam os tutsis como culpados. -
Os 100 dias seguintes foram um autêntico horror:
▪ 500.000 à 1,1 milhão de mortos (maioritariamente tutsis);
▪ atinge as áreas rurais, onde "vizinhos matam vizinhos";
▪ 250.000 à 500.000 violações (grande transmissão de HIV);
▪ 2.000.000 ruandeses fogem para o Zaire e a Tanzânia. -
O General Dellaire, comandante da UNAMIR, envia mensagens a sede da ONU acerca da matança que decorre.
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Na Polish Pallottine Mission Church (Gakondo) 110 tutsis, incluindo crianças, foram mortos por 100 milícias hutus.
Há uma tentativa, por parte de Jerzy Maczka e Ryszard Chudy de contactar a ONU. Apesar de conseguirem, esta não atua. -
Na École Technique Officielle, escola secundária, cerca de 2.000 pessoas foram mortas.
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1.500 tutsis escondidos numa igreja católica são assassinados, quando a Interhamwe demoliu o prédio e matou todos os que lá estavam.
O padre da igreja, Athanase Seromba, é posteriormente condenado por crimes contra a humanidade. -
A Bélgica retira suas tropas da UNAMIR, após o assassinato de 10 comandantes belgas.
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As tropas da UNAMIR são reduzidas de 2500 soldados, para 270.
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A ONU volta atrás na sua decisão e aumenta o número de soldados da UNAMIR para 5500.
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A Frente Patriótica Ruandesa captura o aeroporto de Kigali.
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A França anuncia a sua intervenção, começando a "Operação Turquesa".
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O Conselho de Segurança da ONU considera que os eventos em Ruanda constituem "possíveis atos de genocídio".
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A FRP toma a capital, Kigali.
Muitos funcionários do governo hutu refugiam-se na cidade de Gisenyi. -
A FRP toma a cidade de Gisenyi.
Dá-se o fim do genocídio tutsi. -
Criação do Tribunal Internacional Penal de Ruanda (ICTR), que irá julgar os crimes de guerra cometidos durante este genocídio.
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Apesar da tomada de poder pela FPR, acredita-se que esta inverteu o processo, matando entre 200 à 300 mil hutus.
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Devido ao elevadíssimo número de casos a ser julgados (cerca de 115.000 acumulados), o governo ruandês anuncia a abertura dos tribunais nacionais e tradicionais: as gacacas, criticadas, no entanto, pelo pouco profissionalismo.
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Considerado um dos principais arquitetos do genocídio, o ex-coronel Bagosora é julgado e condenado a prisão perpétua.
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Paul Kagame é eleito Presidente de Ruanda. Introduz um conjunto de medidas socio-económicas, para afrouxar os conflitos étnicos e impulsionar a economia nacional.
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Para além de outros, o Memorial do Genocídio de Kigali é um dos mais conhecidos. Foi inaugurado no 10º aniversário do genocídio e situa-se no subúrbio de Gisozi.
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Inspirado no genocídio, Terry George realiza o filme "Hotel Ruanda".
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Ruanda desfruta do apoio financeiro do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
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Ruanda integra a Comunidade da África Oriental.
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Paul Kagame é reeleito presidente, com uma esmagadora maioria, de cerca de 93%, o que gerou diversas críticas e polémicas.
Apesar de ter reerguido o país, Kagame ainda recebe críticas. Nomeadamente por não ter julgado os tutsis que assassinaram hutus e por invadir países vizinhos, como o Congo, para eliminar as forças hutus destas regiões. -
Kagame professa o seu discurso da 25ª comemoração do genocídio, afirmando que "Ruanda é agora uma família".