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Num "dia claro e frio de Abril", as treze horas, Winston sai do trabalho, para ir almoçar a casa. Pelo caminho, vê um grande cartaz do Grande Irmão, com a seguinte legenda abaixo: "O GRANDE IRMÃO ESTÁ A VER-TE".
Em casa, a voz do telecrã está a soar, lina e suave, mas mesmo assim magoa-o. Coloca o som mais baixo.
Esconde-se onde o telecrã não o pode ver. -
Após tomar um copo de Gin Vitória e fumar um Cigarro Vitória, Winston escreve no seu diário. É, obviamente, proibido; no entanto, este está no seu poder. Papel verdadeiro... Tinta verdadeira...
Um pouco bêbado, escreve sem pontuação, sem sentido. Escreve incansavelmente: ABAIXO O GRANDE IRMÃO.
Ele sabe que está morto. Ele era um crimepensante. -
Após mais um pouco de escrita violenta contra o Partido, alguém bate a porta de Winston. É a vizinha, a Sra. Parsons, dos seus 30 anos. Esta pede-lhe que Winston vá até ao seu apartamento, devido ao lava-loiça entupido, já que o seu Sr. Parsons não está em casa.
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Winston sonha, para além da mãe e da irmã, uma rapariga morena, que lhe recorda as heroínas de Shakespeare.
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No apartamento vizinho, Winston resolve o problema. Contudo, estão lá presentes também os filhos da família Parsons. "Ambos envergavam os calções azuis, as camisas cinzentas e os lenços de pescoço vermelhos do uniforme dos Vigias."
As "heróicas crianças" acusam Winston de ser um traidor e um crimepensante. A mãe acalma-os. Winston tem pena da Sra. Parsons.
Volta ao seu apartamento e escreve mais um pouco.
"O pensarcrime não provoca a morte: o pensarcrime É a morte." -
Winston acorda ao som do telecrã. Começa a ginástica diária coletiva, a frente do mesmo. Com a mente a voar, a personagem pensa na questão bélica: a eterna guerra entre a Oceânia, a Lestásia e a Eurásia. A instrutora chama-lhe a atençao.
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Apresenta-se o emprego de Winston no Minivero (Ministério da Verdade). Lá, este altera as notícias e os outros documentos escritos para estar de acordo com as verbas do Partido, através do falaescreve. Depois, estes são reimpressos e colocados nos arquivos, enquanto que os "defeituosos" ardem no tubo pneumático.
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A tarefa deste dia é trocar um discurso, no qual são referidas impessoas, no fundo, pessoas já evaporizadas; pessoas que "incorriam no desagrado do Partido".
Winston apercebe-se que o seu camarada e vizinho de trabalho Ogilvy desapareceu: nunca existira no presente, existia agora no passado.
Era um crimepensante. -
Na hora do almoço, Winston encontra-se com Syme, do departamento da investigação, tendo um papel importante na criação do Dicionário de novilíngua. Este "amigo" falava "com desagradável exultação maligna" sobre o Partido e a sua atuação, muitas das vezes de forma irónica.
Winston crê que este é demasiado esperto para o seu bem. Igualmente, acredita que Syme será vaporizado brevemente. -
Junta-se-lhe, ao Syme e Winston, o Sr. Parsons, fanático do Partido, engrandecendo a Semana do Ódio que se está a preparar.
Winston pensa sobre o passado, enquanto ouve propaganda do Partido sobre o aumento da produção, enquanto que esta estava a diminuir. Winston sabia. Era ele que tratava das "retificações". -
Ao falar com Syme e Parsons, Winston avista Julia, com a qual estabelece contacto visual. Winston aprecia o seu físico, pelo simples facto de ser mulher e por as relações desta índole serem proibidas. Porém, odeia-a ao mesmo tempo, também por ser mulher.
Acredita que ela é membro da Polícia do Pensamento e que sabe que é um crimepensante. -
A noite, Winston escreve de novo no seu diário. Começa por descrever a sua relação com a sua antiga esposa, Katherine. Esta tinha passado por uma autêntica lavagem cerebral, querendo fazer somente o seu "dever perante o Partido".
Igualmente, descreve um encontro com uma prostituta.
Winston só queria ser amado. -
Escreve também sobre uma memória que o marcou de forma aguda.
Uma vez, no emprego, passou-lhe pelas mãos uma notícia sobre três homens: Jones, Aaronson e Rutherford; àquilo que chama de "prova concreta e irrefutável de um acto de falsificação."
Acabou por mandá-la para o tubo pneumático. -
Winston vai a um pub dos proles. Não era proibido, mas não era bem visto um membro do Partido Externo vagabundar pelas terras imundas dos proles.
No bar, Winston encontra um prole idoso, que, apesar de já bêbado, fala-lhe sobre o passado: cartolas, capitalistas, Câmara dos Lordes... Uma Londres diferente. -
Após deixar o pub, Winston vai a loja de antiguidades, de onde comprou o diário. O seu dono, o Sr. Carrington, convida-o a entrar, para este ver os objetos que vende, já que a loja estava vazia, pois "o negócia das antiguidades está a morrer."
Winston acaba por comprar um pisa-papéis de coral: "O que nele o seduzia não seria tanto a beleza como o ar de pertencer a uma era muito diferente da actual." -
Na conversa com Sr. Carrington, Winston avista, lá fora, o macacão azul do Partido Externo. É a Júlia. Fomentando a sua crença inicial de que ela integra a Polícia do Pensamento, sai apressado e chega, enfim, no seu apartamento da Mansão Vitória.
Em casa, escreve no diário sobre O'Brien, membro do Partido, que acredita ser membro da oposição.
Apercebe-se de que é para ele que escreve o testemunho e que ele vai levá-lo para "o lugar onde não havia trevas". -
Num dia de trabalho, Winston sai para ir a casa de banho. Pelo caminho, encontra-se com Júlia, que tropeça e cai. Winston ajuda-a. Ela passa-lhe um papel.
Estava escrito "Amo-te".
Winston deixa cair o papel pelo tubo pneumático. -
Durante a semana que se seguiu, foi difícil o Winston se encontrar com a Júlia. Contudo, após alguns olhares fugazes e uma tentativa falhada de falarem, Winston consegue se sentar ao pé dela na cantina.
Combinam um encontro na Praça da Vitória, as dezanove horas. -
Na Praça da Vitória, estava presente uma multidão, devido a passagem de comboios com presos de guerra da Eurásia, encarados como "animais estrangeiros". No meio da azáfama, Júlia passa-lhe um conjunto de indicações, para chegar a um local secreto.
Enquanto isso, "Os camiões continuavam a passar, e aquela gente, insaciável, não se privava do espetáculo." -
Winston segue as instruções de Júlia e chega a um campo aberto, onde, aparentemente, não há microfones nem telecrãs.
Mesmo que ele tenha 39 anos e ela 26, "embora fosse difícil dizer por iniciativa de quem, ela caía nos braços dele."
Ela também é um crimepensante, mesmo que seja mais para quebrar as regras, do que, propriamente, para operar qualquer mudança. Contudo, a fusão dos seus corpos representa "o clímax de uma vitória. Um acto político." -
Apesar de acreditar que poderiam voltar a clareira do campo anterior, tal não acontece. Entre encontros furtivos, os protagonistas revelam mais sobre si e as suas vidas.
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Winston, de volta a loja de antiguidades, descobre que o Sr. Carrington aluga um quarto no segundo piso, onde, supostamente, não existe nenhum telecrã.
Torna-se o espaço predileto de encontro entre os dois apaixonados. -
No quarto com Júlia, Winston avista uma ratazana e assusta-se completamente: " - É a coisa mais horrível do mundo... ratazanas!".
É a sua fobia. Esta pode comê-lo, certo? -
Syme é, de facto, evaporizado. Entretanto, começa a preparação para a Semana do Ódio, o que fazia com que, tanto Júlia como Winston, trabalhassem imenso e não se conseguissem encontrar.
Paralelamente, continua a guerra: bombas, mísseis, violência. Contudo, Winston e Júlia começam a pôr em causa a veracidade da mesma, partilhando cada vez mais das suas histórias e ideias de forma mútua. -
"Acontecera finalmente. A mensagem esperada chegara."
O'Brien cruza Winston nos corredores do Minivero e entrega-lhe um bilheto, convidando-o para ir até a sua residência, com o objetivo de lhe entregar um novo Dicionário. -
Após um encontro no quarto, Winston acorda a chorar, devido às lembranças familiares que este lhe trouxe. Winston abre-se perante Júlia acerca do seu passado.
Ambos, decidem ir a casa de O'Brien, para que, em conjunto, possam integrar a Fraternidade, a oposição clandestina. -
"Tinham conseguido, finalmente tinham conseguido!"
Winston e Júlia vão a residência de O'Brien, onde o encontram no escritório. Este desliga o seu telecrã e fala sobre a Fraternidade, na presença do criado Martin, que afirma ser também membro da oposição. Para além de fazerem um brinde, O'Brien inquere acerca da lealdade de Winston e Júlia à oposição e à Emmanuel Goldstein. Contudo, avisa-os que resultados práticos são pouco prováveis e que estes "terão de se habituar a viver sem esperança". -
Após a visita, O'Brien entrega a Winston o livro proibido, "Teoria e Prática do Coletivismo Oligárquico", de Goldstein.
No entanto, nada de novo lhe emerge. Tudo que está lá escrito, ele já sabia.
Lê também a Júlia, mas esta não se mostra muito interessada. -
De manhã, no quarto, Júlia e Winston acordam. Winston ouve uma mulher plebeia a cantarolar uma música do partido e, na tranquilidade do momento, Winston afirma "Nós somos os mortos".
Enquanto isso, uma voz metálica, atrás deles, repete "Vocês são os mortos". É um telecrã.
A casa está cercada por Polícias do Pensamento. O Sr. Carrington já não é o mesmo Sr. Carrington.
Winston e Júlia são presos. -
Winston não sabe onde se encontra, mas acredita estar no Ministério do Amor. Na sua cela, há um constante "vaivém de presos de toda a espécie".
De entre todos, destaca-se uma mulher, que, apesar de não haver certezas, poderá ser a mãe de Winston.
Ligeiramente mais a frente, aparece sr. Parsons, que venerava o Partido. Afirma terem sido os filhos que o denunciaram, por falar aberrações enquanto dormia. -
De seguida, Winston acorda numa sala, atado a uma mesa. Nos próximos dias, este é torturado e é lhe aplicado, mesmo, algum choque neurológico que o faz sentir-se oco. Desde 2+2=5 à dizer que vê 4 dedos, quando na verdade são 5, Winston transforma-se num fantoche, devido ao medo e a tortura.
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Após todo o processo de "reeducação", Winston parece melhorar, tanto fisicamente, como intelectualmente (aos olhos do Partido), apesar de exigir, segundo as suas próprias palavras, "grande capacidade de raciocínio e improvisação."
No entanto, durante a noite, apela a Júlia. -
Devido a tamanha falha, Winston é enviado para a Sala 101, onde os detidos são postos, frente a frente, com o seu maior medo. Ratazanas, no caso de Winston.
Para se salvar, trai a Júlia -
Fora do Minamor, Winston leva uma vida devassa. Consome Gin Vitória quase todo o dia e o seu emprego mudou. Passa os dias no Café Castanheiro, sozinho, a frente de um tabuleiro de xadrez.
Conversa mais uma vez com Júlia, que se encontra numa situação semelhante. No entanto, são interrompidos por notícias da guerra, nas quais se afirma que a Oceânia teve um avanço.
Winston traiu a Júlia. Júlia traiu o Winston. -
Winston "Amava o Grande Irmão."