Linha do Tempo - Tatiana Lopes

  • Namoro

    Aos 16 anos, iniciei um relacionamento que teve duração de 13 anos. Eu era muito imatura, uma criança, e ele 8 anos mais velho. Aprendi muitas coisas boas me relacionando com ele e com a familia dele mas também foi um relacionamento conturbado, com muito ciúme por parte dele e muita cobrança. Tivemos ótimos momentos, foi um relacionamento muito intenso, mas ficou um aprendizado de como não ser submissa por conta de um sentimento. Aprendi a ter respeito pela minha essência.
  • Primeiro emprego

    Comecei a trabalhar com 18 anos em um escritório de advocacia com o intuito de fazer uma faculdade e morar sozinha. Por conta da péssima convivência com meu pai, morar sozinha era meu principal objetivo. Ampliei meus horizontes e comecei a conhecer novas pessoas.
  • Estupro

    Foi o pior acontecimento da minha vida. Não me lembro da data exata, mas sei que foi logo depois do ataque às Torres Gêmeas no WTC. Fui desacreditada, criticada e julgada. Principal gatilho para a minha depressão e compulsão alimentar. Aprendi que não existe lugar seguro nem segurança. Comecei a ver Deus de outra forma - já me considerei atéia. Depois de um certo tempo, me tornei mais empática, mais sensível, mas também a favor da pena de morte para crimes hediondos.
  • Novo emprego - Multinacional Francesa

    Como estudei inglês na infância, consegui uma vaga na recepção de uma multinacional francesa do ramo de autopeças. Foram 6 meses nessa função e depois fui promovida para secretária do diretor de engenharia, onde aprendi muito num depto com 50 engenheiros. Eu liderava reuniões, cuidava de normas, visitei a maioria das montadoras de automóveis e conheci detalhadamente o funcionamento de uma fábrica. Foi o trabalho que tive mais reconhecimento e pude desenvolver muitas habilidades.
  • Faculdade ADM

    Sempre quis ser veterinária, mas não tinha grana pra pagar o curso. Tentei USP, passei na 1ª fase e reprovei na 2º. Fui fazer ADM mesmo, na Universidade Ibirapuera. Era o que dava pra fazer no momento e fiz da melhor maneira possível. Aprendi a racionar os recursos, pagando faculdade, aluguel e demais despesas. Me surpreendi com a minha disciplina e planejamento. Terminei a faculdade sem nenhuma DP - meu motivo de orgulho.
  • Novo emprego - Multinacional Alemã

    Oportunidade na área de vendas de rolamentos industriais e automotivos. Grande aprendizado com sistema SAP e relacionamento com pessoas - atendia distribuidores de autopeças no Brasil todo.
  • Novo emprego - Multinacional Japonesa

    Trabalhei na área de vendas de equipos médicos por 1 ano. Após esse período, fui promovida para a área de importação, mesmo não conhecendo a área, mas conhecia os produtos. Fiz um curso na Aduaneiras para aprender o básico dos processos. Aprendi o quando a vida é tratada como business, como licitações podem ser burladas, como centros cirúrgicos podem reutiliar materiais que deveriam ser descartáveis. Comecei a entender melhor o mundo corporativo e quem realmente governa = quem tem $$.
  • Demissão por conta da depressão

    Trabalhava mais de 15 horas por dia na área de importação e os problemas se acumulavam - relacionamento / saúde (depressão) / financeiro. Por conta de queda de produtividade fui demitida.
    Aprendi que somos descartáveis no mundo corporativo quando não rendemos 100% do esperado. Comecei a entender melhor como funciona esse mundo.
  • Início tratamento depressão

    Diagnóstico de depressão, crises de ansiedade agudas e sintomas de compulsão alimentar.
  • Novo emprego - Multinacional Japonesa

    Mesmo em tratamento para depressão e com crises de ansiedade, consegui uma recolocação dois meses depois. Fui bem recebida na nova empresa, porém não me adaptei ao sistema, que era bem arcaico. Trabalhei na área de vendas internas de rolamentos industriais. Após 1 ano, as crises pioraram e eu precisei me afastar.
  • 1ª e 2ª tentativas de suicídio / Afastamento INSS

    Diagnosticada com depressão grave e compulsão alimentar, já havia engordado 40kg. Em uma das crises mais fortes, cortei os pulsos e fui internada em uma clínica psiquiátrica. Foram 14 dias de internação, onde tive o maior contato possível com a realidade. Conheci pessoas com os mais diversos problemas: esquizofrenia, bipolaridade, vício em drogas, surtos diversos. Lá dentro não há mimos nem regalias. Todos fazem as mesmas atividades. Contato humano. Aprendi a dar valor às pequenas coisas.
  • Término namoro

    Término do rel. de quase 13 anos. Bons momentos vividos mas também muito ciúme, possessividade e tentativas diversas de manter o controle da minha vida. Eu já não me reconhecia mais. Mudei muitas atitudes para agradá-lo ao longo desse tempo e o término me trouxe um sentimento de libertação. Enfim eu poderia ser realmente quem eu era. Poderia dançar, falar palavrão, gargalhar, sair com os amigos. Perdi mais de 150 mil reais na construção de uma casa, mas ganhei independência e tranquilidade.
  • Alta INSS

    Após 2 anos afastada, retornei ao trabalho. Foi extremamente difícil encarar o proconceito das pessoas, o olhar de julgamento, os cochichos no café, o afastamento dos colegas de trabalho. Isso me ensinou que o preconceito existe sim, em qualquer lugar. Me mostrou também quem são os meus (poucos) amigos de verdade, que ficaram ao meu lado, mesmo na pior fase. Isso se aplica também na família, onde laços de sangue não significam absolutamente nada.
  • 3ª tentativa de suicídio

    Ainda afastada pelo INSS, ingeri mais de 60 comprimidos de Rivotril com 1 litro de vodka. Realmente achei que fosse morrer, eu senti meu corpo todo adormecendo e apaguei. Acordei no outro dia, em um quarto de semi-UTI, após ter sido reanimada. Tive parada cardiorrespiratória e fui novamente internada na clínica psiquiátrica por mais 25 dias. Decidi não tentar mais morrer. Decidi enfrentar, mesmo que situação fosse insuportável. Era isso que eu tinha que fazer, como se fosse uma missão.
  • Pedido de demissão - Nenhum CNPJ vale uma depressão

    Meu retorno ao trabalho, depois do afastamento de 2 anos, não foi agradável. Me colocaram em outra função, apenas para arquivar e digitalizar documentos. Me senti inútil e achei melhor pedir o desligamento. A cada dia que passava, eu me via mais refém do mundo corporativo e uma semente começou a germinar dentro de mim em relação ao meu propósito de vida. Eu sentia a necessidade de compartilhar tudo que eu vivi nos últimos anos e alertar para que a saúde mental fosse sempre colocada em 1º lugar.
  • Novo emprego - StartUp Cimenteira

    Consegui uma vaga em uma startup no ramo de mineração, fundada por Rodrigo Lara (ex diretor-presidente da Votorantim Cimentos). Organizei toda a parte administrativa da empresa - RH, DP, Compras, Secretariado (atendia 3 executivos), arquivos, recepção, atendimento telefônico. Por conta da falta de estrutura, eu realizava diversas funçoes, fazia HE e não recebia por isso. Já calejada, pedi demissão quase 2 anos depois. Processei a empresa posteriormente e recebi o que era devido.
  • Novo emprego - Multinacional Americana

    Entrei na Parexel como recepcionista e depois passei a ser coordenadora de Facilities. Uma empresa com muitos problemas de comunicação interna, muitos boatos, gerência desqualificada, muitas brigas entre os funcionários. Fui descaradamente prejudicada pela gerente da área, que tinha receio de perder o cargo para mim e deletou vários relatórios do meu computador. Foi nessa época que comecei a me sentir totalmente desconectada e infeliz com o mundo corporativo. Me sentia frustrada e infeliz.
  • Desemprego e retorno para a casa dos meus pais

    No período de desemprego, gastei toda a minha reserva com aluguel e demais despesas. Depois de 10 anos morando sozinha, voltei para casa dos meus pais e precisei encarar um local que não me gosto, longe de tudo e que me lembra o estupro. Vi isso como um retrocesso, mas depois encarei como uma oportunidade de recomeço, creescimento e amadurecimento. Pedir um favor ao meu pai me fez passar por cima do meu orgulho e me dar conta que sempre podemos precisar das pessoas, por pior que elas sejam.
  • Novo emprego - McKinsey

    E lá vou eu de volta pro mundo corporativo! O que fazer quando se depende de $$? E aqui estou há 2 anos! Mas dessa vez não quero esperar a água bater na bunda pra começar a pensar numa solução. Decidi dar o primeiro passo na minha transição de carreira, mesmo sem saber exatamente como vai ser e nem "o que vai ser". Eu tenho um propósito. Eu tenho uma história de vida que pode ajudar pessoas. Eu só preciso de uma ajuda para saber a direção e se é possível seguir esse caminho! Rumo aos 40!
  • Depois do Cinza

    Decisão de mudar de vida. Não sei como nem onde. Só sei que é preciso.